Pecuaristas que cumprem critérios de sustentabilidade ganham desconto em impostos estaduais. (Foto: ABPO)
O abate de animais orgânicos e sustentáveis cresceu cerca de 12 vezes em Mato Grosso do Sul, no período entre 2019 e 2021, de acordo com a ABPO (Associação Pantaneira de Pecuária Orgânica e Sustentável).

Segundo a instituição, 39.762 cabeças foram enviadas às frigoríficas por pecuaristas pantaneiros do Estado. Dois anos antes, foram 3.111 animais abatidos. O número também representa o triplo em relação a 2020.

Segundo a ABPO, este aumento é provocado pelo programa Carne Sustentável do Pantanal, do governo estadual, instituído em 2018 pelo governador Reinaldo Azambuja (PSDB).

O projeto reduz ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) para produtores rurais que adotarem este modelo de produção, que visa reduzir impactos ambientais no bioma pantaneiro.

Segundo a Semagro (Secretaria Estadual de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar), o desconto é de 50% à produção sustentável e 67% aos orgânicos. Só em 2021, foram quase R$ 120 em desconto tributário aos produtores, para cada cabeça.

Segundo informações da APBO, o presidente, Eduardo Cruzetta, explica que o produto se torna de maior qualidade e que isso impacta diretamente na relação com o cliente. “Os números representam o crescente interesse do produtor pantaneiro em qualificar o seu produto e comunicar isso ao consumidor. Estamos falando de um maior volume de proteína certificada no mercado, com ênfase nas questões ambientais e sociais do Pantanal.”

“Qualquer iniciativa que tenha por finalidade uma criação sustentável e traga dignidade aos profissionais envolvidos, dinamismo à pecuária e colabore para as questões econômicas locais merece ser valorizado e visto com outros olhos. Este é um caminho sem volta […] Os maiores ganhos quanto às iniciativas sustentáveis no campo ainda estão por vir”

Com base na mesma publicação, o diretor executivo do Instituto Taquari Vivo, Renato Roscoe, afirma que a estratégia de produção sustentável tem apoio do grupo e  representa oportunidade para ampliar conservação da região. “Os pantaneiros desenvolveram por quase 300 anos um sistema de produção em equilíbrio com a exuberante biodiversidade do Pantanal. Valorizar esses sistemas tradicionais significa criar meios para produzir e conservar ao mesmo tempo.”

“O programa também inova ao estimular as boas práticas e a conservação ambiental nos planaltos adjacentes ao Pantanal. É sempre importante lembrar que os planaltos estão conectados com a planície e são essenciais para o ciclo hidrológico da planície alagável.”

Certificação – Para se adequar, produtores rurais têm de produzir carne de forma mais natural possível, com animais criados a pasto nativo e seguindo regras internacionais de sustentabilidade.

O incentivo ocorre em busca de uma pecuária de impacto ambiental reduzido, baseada no modelo tradicional, mas com baixo nível de intervenção em recursos naturais existentes da região, por meio de tecnologias específicas.

A carne sustentável é aquela produzida mediante cumprimento das regras e princípios estabelecidos no Memorial Descritivo e Manual de Procedimentos Operacionais do Protocolo do Programa de Certificação da Linha “Carne Sustentável ABPO”, registrado na CNA (Confederação Nacional de Agricultura).

Entre as frigoríficas credenciadas no Estado, estão a Naturafrig Alimentos, em Rochedo, a Boibrás, em São Gabriel do Oeste; a Frima Frigorífico Marinho, em Corumbá; a Frizelo Frigoríficos, em Terenos; as unidades da JBS em Campo Grande, Anastácio, Coxim e Ponta Porã; Frigorífico Balbinos, em Sidrolândia; a Agroindustrial Iguatemi e a Brasil Global, em Guia Lopes da Laguna.

(Por Campo Grande  News)

Leave a Comment