O TAQUARY ASSOREADO
O Taquary é o maior rio de Planície do Pantanal do Mato Grosso do Sul, Brasil. É também o mais agredido pelos sedimentos oriundos da devastação do cerrado que cobria o planalto fronteiriço ao Pantanal e seus principais afluentes.
ANOS 80
No Caronal, 209 km, Coxim abaixo, ocorreu o ponto de saturação mais importante. Nesse trecho as águas arrombaram a margem direita e, expulsas do leito do rio, espalharam-se, inundando grandes áreas em seu lento curso de avanço até o Rio Paraguai.
As fazendas e campos de pastagem se tornaram o PAYAGUAS DOS XARAYÉS um imenso lago de 1.400.000 hectares, que expulsou todo o gado e gente. Ali a natureza, ao longo de quase 40 anos, vem se reconstruindo e transformando cenários.
As águas assim derramadas continuaram em direção ao Rio Paraguai, sem definir caixa de corrente, esparramando um alagado permanente, sob a forma de delta.
O declínio do rio e a ocupação permanente de suas águas em parte da planície, ocorreram em região de acesso restrito e de baixíssima densidade populacional, o que pode ser a causa do desconhecimento das proporções desses eventos, das transformações daí oriundas e, principalmente, da falta de ações direcionadas à administração do acervo ambiental e econômico consolidado nesse cenário.
TAQUARY, UM RIO DESAGUADO
O que sobrou do rio, abaixo do ponto principal de expulsão das águas, Arrombado do Caronal, é apenas um arremedo do Rio Taquary original. Suas águas agora rasas, com leito tomado por sedimentos, seguem em direção à foz ocupando, em média, apenas 40 metros de largura, dos 200 metros anteriores de suas margens. O rio praticamente se esconde no canal definido pela mata ciliar.
MUDANÇA DE CURSO
As alterações sofridas pelo Rio Taquary não param por aí. O enorme acúmulo de sedimentos determinou a mudança de rumo e curso do rio na região conhecida como Zé da Costa, 150 km abaixo do Caronal
NOVO LEITO
Formado a partir de 1990, quando as aguas, arrombando o leito, tomaram a direção oeste até encontrar o Rio Paraguai Mirim, pela calha do Rio Negrinho, num processo que durou cerca de 19 anos.
Nesse novo leito o rio é ainda menor, tem apenas 30 metros de largura, e também é mais empobrecido de água. O fluxo de sedimento é tão intenso que não permite a sobrevivência de peixes. E para completar, seja pela pouca vazão de água, ou, pelas cheias do Rio Paraguai, a calha do Rio Taquari Negrinho sofre com a obstrução da vegetação aquática, os camalotes, impedindo qualquer tipo de navegação.
FOZ DO TAQUARY NEGRINHO
Situada a 18°50’45” S 57°25’45” W, ao norte do morro da Caieira, a 27 km de Corumbá/MS, e a 127 km abaixo do Arrombado Zé da Costa, aqui deságua o Taquary Negrinho. As águas que restaram do Taquary, após o arrombado, encontraram as do Rio Negrinho e, juntas, vieram ao Paraguai Mirim.
O INSTITUTO AGWA E O DESASTRE NO PANTANAL
As consequências desses eventos, desde o desastre que alterou a morfologia do rio, seu curso e foz, passando pela transformação das áreas inundadas, o Paiaguás do Xarayes, sem falar do impacto do avanço dos sedimentos no leito do Rio Paraguai e, em especial, do cenário que resulta da reunião de todos esses acontecimentos, não se conhece pesquisa e análise, sendo que, na verdade, esses fatos isolados ou conjugados sequer são de domínio público em sua real extensão e profundidade.
O Instituto AGWA soluções sustentáveis acredita que a divulgação de imagens que permitam o exato conhecimento do desastre ambiental que impacta agressivamente o Pantanal, por causa do assoreamento do Rio Taquary e das alterações no Payaguás dos Xarayés, poderá acelerar o processo de alistamento dos recursos necessários que as soluções exigem.